Uma História Severina

Severina Maria Leôncio Ferreira teve a vida alterada por um ato dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Em 20 de outubro de 2004, ela estava internada em um hospital do Recife, grávida de um feto sem cérebro. No dia seguinte, começaria o processo de interrupção da gestação. Nesta mesma data, os ministros derrubaram a liminar que permitia a mulheres como Severina antecipar o parto quando o bebê fosse incompatível com a vida. Severina, mulher pobre do interior de Pernambuco, deixou o hospital com sua barriga e sua tragédia. E começou uma peregrinação por um Brasil que era feito terra estrangeira: o da Justiça para os analfabetos. Neste mundo de papéis indecifráveis, Severina e seu marido Rosivaldo, plantadores de brócolis em terra emprestada, passaram três meses de idas, vindas e desentendidos até conseguirem autorização judicial. Não era o fim. Severina precisou enfrentar então um outro mundo, não menos hostil: o da Medicina para os pobres. Quando finalmente Severina venceu, por resistência, vieram as dores de um parto sem sentido, vividas na mesma maternidade em que mães sorriam embalando bebês com futuro. E o reconhecimento de um filho que era dela, mas que já vinha morto. A saga desta mãe severina termina não com o berço, mas num caixão branco pequenino.

Ficha Técnica

Direção e Roteiro: Debora Diniz e Eliane Brum
Direção de Produção: Fabiana Paranhos
Edição: Ramon Navarro
Finalização: Ramon Abreu
Direção de Arte: Ramon Navarro
Xilogravuras e Cordel: J.Borges
Música-tema: “A Semente da Dor e Sofrimento”, de Mocinha de Passira
Ano: 2005