Documentários

No início dos anos 2000, descobri que precisava encontrar um outro jeito de contar histórias reais. Sou curiosa e queria saber como era escrever com imagens. Então, em 2004, ao derrubar uma liminar que autorizava as mulheres grávidas de fetos anencéfalos a abortar, sem autorização judicial, um ministro do Supremo disse: “Afinal, quem são essas mulheres? A gente nem sabe se elas existem”. Naquele momento, percebi que estava na hora de começar a aprender a fazer documentários. “Uma História Severina” (2005) está disponível na íntegra na internet. Depois, andava inquieta com uma pergunta (ou melhor, duas): como uma mulher rebola há 30 anos pelo Brasil com apenas três músicas? Se nós  seguirmos “a” Bunda, para que Brasis ela nos levará? Paschoal Samora e eu partimos em busca de respostas e acabamos encontrando um número muito maior de perguntas. Surgiu então “Gretchen Filme Estrada”. Em ambos os documentários, divido a direção e o roteiro. Laerte-se (2017) é dirigido por mim e por Lygia Barbosa da Silva. O roteiro também é assinado por nós e por Raphael Scire. O documentário é a primeira produção brasileira para Netflix. Acompanha Laerte Coutinho, cartunista que decidiu apresentar-se mulher após quase 60 anos vivendo como homem, em suas investigações sobre as “desidentidades”.  “Laertar-se” é verbo. Ao mesmo tempo que impele ao movimento, como um imperativo de vida, se volta para si, numa interrogação persistente. “EU+1” narra a jornada de uma equipe de atenção em saúde mental na Amazônia, formada para escutar os ribeirinhos atingidos pela hidrelétrica de Belo Monte. O documentário, dirigido por mim, com roteiro meu e de Nani Garcia, registra a construção da Clínica de Cuidado a partir da voz de João Pereira da Silva, expulso de sua ilha no rio Xingu.

Documentário - Uma História Severina

Documentario - Gretchen Filme Estrada

LAERTE-1

eu+1 (310x176)